segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Amai os vossos inimigos

Durante a absoluta maioria dos anos que já vivi, tive a graça e o privilégio de ignorar o que é o ódio. Não sabia definir inimigos. Nunca fui dada a rixas nem intrigas. Pequenas ou grandes, sempre foi minha escolha mais espontânea desconsiderar todos os tipos de conflito. E seguir em paz. Óbvio tive pessoas que me tornavam os dias menos prazerosos, que faziam chegar até mim seus comentários críticos acerca da minha pessoa, dos meus erros e dos meus acertos. Mas nunca os considerei inimigos. Nunca alimentei um sentimento negativo em relação a nenhum deles. Com absoluta certeza também já tornei a vida de algumas pessoas menos prazerosa, e já fiz comentários dos quais me arrependo profundamente. Mas nunca tive a experiência de desgostar alguém ao ponto de imperdir-lhe a felicidade ou considerar-lhe um inimigo. Mas a vida é cheia de surpresas, o mundo é redondo e roda, e muitas vezes a gente se encontra na curva. Chega o dia em que sente-se o desprazer de conhecer uma série de episódios que prejudicaram, para não dizer destruíram, grande parte das lembranças. E da história. Não estou falando de pessoas que te roubam coisas (já passei por isso) nem de pessoas que falam mal de você (também já tinha experimentado) nem tampouco daqueles que se alegram por suas falhas (esses até dá pra relevar). Estou falando de ações com alto poder destrutivo. Creio em Deus. E creio na regeneração que o Espírito Santo é capaz de realizar em nós. E o fato de perdoar ou não, de prosseguir ou não, não é o meu objetivo nessas linhas. O que gostaria de compartilhar é que quando nos encontramos com uma situação como essa, entramos em contato com o conceito de inimigo. E para mim, inimigo é mais do que aquele que te faz o mal, mais do que aquele que não gosta de você. Inimigo é aquele que consegue fazer com que você experimente o pior dos sentimentos: o ódio. Além de todo o mal que o inimigo realiza, me parece que o triunfo final é plantar dentro de você uma raiz de amargura com a qual poderá contaminar toda a terra do seu interior. É lamentável que não passemos por essa vida sem ter experimentado o que é sentir-se contaminado por um inimigo. E é por entender que odiar o meu inimigo é o triunfo do próprio inimigo que pode-se entregar no altar de Deus não ao inimigo, mas a si mesmo. Para que esse "eu" que odeia, seja crucificado com Cristo. Não há uma receita para isso, mas o processo começa com querer fazer. Porque Jesus não nos daria uma ordem impossível, me parece que Ele na verdade está apontando para o caminho da cura, a própria cura para o mal que o inimigo nos faz: Amai os vossos inimigos. Não me soa mais como uma obrigação, nem como um dever. Me soa como uma estratégia, uma proteção, me soa como a própria cura. Amai os vossos inimigos me soa como: não deixe que o inimigo consiga o que ele quer, não se entregue aos planos dele. Porque fazer com que você experimente o ódio é o verdadeiro mal que alguém pode te causar. Então, vou tomar a minha cruz e seguir a Jesus. Não sei como se faz isso. Mas sei que é o que quero. Quero amar meu inimigo. Mais que isso, não quero ter inimigos. Quero poder dizer que ninguém plantou nada de ruim em mim, por isso, não tenho inimigos.

Mas a vós, que isto ouvis, digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam; Lucas 6:27